Elias a caverna e Deus.

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I Reis 19:9-18.
Caverna é onde encontramos com o pior e o melhor de nós mesmos. Lá está o que eu tenho de pior para conhecer e o que eu tenho de melhor para aflorar depois de passar por ela. Elias estava ali com seu medo, com seu orgulho espiritual, com suas manias. O que fazemos na caverna de nós mesmos? A quem esperamos? Muitos passam pela caverna sem esperar encontrar-se com Deus. Passam, melhoram em muitos pontos. O humanismo consegue – principalmente através da psicologia – resolver muitos das cavernas humanas de nós mesmos. Mas esperar Deus na caverna que é a parte mais interessante, mais rica. Deus vai mais profundo, onde não podemos ir. Ele nos conhece nas maiores profundidades que temos, nos lugares mais profundos do nosso inconsciente, detrás das portas do nosso ser. Ele abre nossa cozinha, nossas dispensas e porões da nossa existência. Ficamos imersos nesta revelação que vem em nossa mente para podermos nos conhecer melhor.
Quando Deus disse para Elias: “Sai da caverna, pois vou passar”, Elias esperava que Deus fizesse um grande milagre nele através da manifestação de poder que ele, Elias, estava acostumado. Quando ele vê um vento tão forte que despedaçava as pedras, ele pensou: Deus vai me curar agora, este vento vai soprar meus temores para o inferno. Mas Deus não estava no vento. De repente, depois do vento, um terremoto. Um terremoto é significativo porque ele mexe com tudo em volta de uma região; é uma figura perfeita para quem esperava que Deus mexesse milagrosamente em seu interior. Elias não estava acostumado com esta profundidade de Deus em fazer milagres ainda maiores, mexer nas partes profundas do seu ser. Assim Deus não estava no terremoto para decepção de Elias. Depois veio um fogo. Ah! Fogo eu conheço! Pode ter pensado Elias. Deus havia se manifestado no monte Carmelo com fogo na frente do Rei Acabe e de seus falsos profetas e do povo de Israel. Agora Deus vem! O fogo de Deus trouxe unção a ele para matar quatrocentos e cinquenta falsos profetas, porque não traria através do fogo o poder para transformá-lo nestes dias de dor, de solidão do deserto, de caminhada pensante fazendo em um retrospecto de sua jornada e de seus medos. Estava ali algo que Elias conhecia: o fogo de Deus. Mas também Deus não estava no fogo.
A quarta manifestação de Deus muitos não conhecem, por que às vezes não sabem que Deus age assim: é a manifestação da brisa suave. Nosso cristianismo hoje está voltado para as grandes manifestações de milagres e poder sobrenatural visível. Não acho errado que esteja, mas temos que ter sensibilidade para ver o outro lado, o lado melhor de Deus. É quando Deus mexe em nossas estruturas mais profundas, é a brisa. Ele não virá com grande manifestação de poder de ventos, terremotos e fogos. Ele vai mostrar-Se a você como uma brisa suave. A brisa é aquilo que mexe nos porões da existência, lá aonde nascem as águas de nossas emoções, sentimentos, racionalidade. O poder sobrenatural serve para nosso corpo, para nos libertarmos de situações difíceis, para operação de anjos em nosso favor e livrarmos, etc. A brisa não! A brisa de Deus vai mais profundo, onde tentamos esconder de nós e de Deus, ela é doce e dolorida ao mesmo tempo. Quando ela passa até parece um vento e um terremoto no início. Muitas coisas acontecem quando estamos na caverna e próximos da brisa, ficamos perdidos porque não temos mais as armas erradas do passado e nem temos agora as novas maneiras do novo agir. A brisa é suave, mais também é mais poderosa que o vento que despedaçava as rochas, porque ela despedaça a nós mesmos que somos as maiores muralhas já construídas na humanidade.
Elias coloca a capa no rosto. Quanto significativo é capa de Elias. É ela que era a autoridade de Deus na vida dele. Era a mesma capa que ele vai deixar para Eliseu, seu sucessor. Era a capa da autoridade profética. Elias sabia que não podia usar a capa para fugir da brisa. A capa era para ser usada com os seus semelhantes e não para ser usada para se esconder ou fugir de Deus. Mas este corajoso profeta que enfrentou seu pior inimigo que era a si mesmo, em uma atitude de humildade perante o Todo Poderoso que pode nos mudar, usa a capa para tampar seu rosto diante de tal glória e poder, que os homens não resistem quando as vê. Elias não usa sua autoridade profética para fugir de suas dores, mas sim, usa para estar junto às palavras do Seu Deus compreensivo, amoroso e cheio de Graça, é como se ele dissesse: “Fala ai meu Deus, somente Tu tens as palavras desta vida”, como Pedro disse a Jesus séculos posteriormente.
A partir daí a vida do profeta modifica-se, Deus dá uma direção a ele para ungir três pessoas que farão o trabalho que sozinho Elias fazia: Hasael Rei da Síria que vai enfraquecer Israel, Jeú que futuramente será Rei em Israel e vai fazer uma reforma e Eliseu seu sucessor no manto profético.
Elias volta em sua caminhada de volta, agora conhecendo muito mais profundamente a Deus e, consequentemente, a si mesmo. Este é o caminho dos vencedores que não temem as cavernas, pois são nelas que renascemos para a nobre missão de nossas vidas: estarmos livres para amar e espalhar o amor de Deus a todos.
Silvério Peres
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